Por que a moda é tão obcecada consigo mesma?

A moda tornou-se oficialmente obcecada pela ideia do “arquivo”. Agora é tão comum quanto um par de jeans ou um cinto velho, guardado no fundo do armário. De pessoas no TikTok, maravilhadas com suas coleções pessoais e etiquetas de mercadorias, até o mais ínfimo detalhe da temporada exata e números de looks de passarela, até os próprios designers lutando para encontrar suas peças em brechós, supera roupas e roupas vintage simples.

E, mais especificamente, associado a peças extremamente raras da passarela. No mundo da moda colecionável, todo mundo é um colecionador – mas mesmo os principais estilistas do mundo não têm acesso a todos os seus produtos.

No início deste ano, Anna Sui se deparou com um vestido de gola plissada, forrado de pele de veludo cinza, de sua coleção de outono de 1998 sendo vendido na Poshmark e imediatamente enviou uma mensagem à Casey Jackson, o blogueiro por trás de Seek the Finds. Jackson postou a mensagem. “Oi, sou Anna Sui. Vejo que você vendeu isso, mas queria saber se poderia comprá-lo? Não temos essa amostra e significaria muito para mim tê-la em meu arquivo.” ela escreveu.

A conversa viralizou no Twitter. Ela relançou o infame vestido, apenas alguns meses depois para sua coleção Resort 2023. “Foi estranho; eu nunca olhei para trás porque estávamos sempre muito ocupados”, disse Sui, “E a gente nunca tem muito tempo para refletir, muitas roupas foram direto do showroom para armários ou sacolas. E nunca olhamos para eles de novo”, completa.

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As celebridades também estão optando por peças raras, com o estilista Law Roach liderando a idea. Veja bem: o excesso e a opulência da família Kardashian no casamento de Kourtney Kardashian e Travis Barker na Dolce & Gabbana dos anos 90, ou Bella Hadid vestindo peças antigas da Versace de 1987 e 2001 no tapete vermelho de Cannes.

Aqui, a moda vintage é indiscutivelmente o novo luxo, para não mencionar o símbolo de status final – é uma arte vestível que quase nunca será usada por mais ninguém, porque geralmente é única e raramente existem estilistas na indústria que têm o conhecimento ou a força para desenterrar as obras-primas bem preservadas da marca.

Ao contrário de grandes nomes europeus, que subiram na hierarquia para se tornar algumas das marcas mais conhecidas do mundo (como Dior, Gucci, Versace e Chanel), marcas de moda menores – apesar de terem seguidores cult e muitas vezes serem de nicho – não têm o mesmo processo de arquivamento meticuloso. Assim, os designers estão encontrando outras maneiras de reconstruir seus arquivos – comprando na Poshmark, eBay, Depop e nas coleções de revendedores de arquivos especializados.

A Dior, por exemplo, conta com sua coleção de arquivos desde muito tempo, 1985, com jóias, chapéus, sapatos, vestidos e, até mesmo, amostras de tecido e alguns esboços de Christian Dior. Sem contar, também, com trabalhos de outros diretores da casa. Por outro lado, a Valentino tem um programa chamado “Valentino Vintage”, que é como uma recompra dos arquivos, fazendo com que qualquer pessoa possa trazer as coleções passadas, tanto em lojas quanto online. Outro exemplo é o fato de novos nomes e ícones da cultura pop estarem usando vestidos e looks vintages, como Olivia Rodrigo que decidiu resgatar antigos trabalhos de Betsey Johnson.

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