Capa Danz: DJ Fernanda Fox

Em um mercado majoritariamente masculino, ser mulher e ser DJ não é algo fácil. Bom, pelo menos, não para quem deseja ter seu nome na história e ser considerada uma das melhores. Em sua caminhada como DJ, Fernanda Fox conquistou e vem conqustando seu espaço, mesmo que a estimativa média seja de que, entre 12 profissionais em um line-up, apenas um seja do sexo feminino.

Esses são dados que se tornam inacreditáveis diante de profissionais como Fernanda que, com quase 10 anos de carreira, é bastante conhecida nas noites cariocas, já levou seu som para países como Estados Unidos, França e Portugal e, agora, acaba de embarcar em uma experiência que, talvez, possa ser considerada a mais desafiadora de sua vida: fazer música no Oriente Médio.

DJ de “Open Format”, circular pelos ritmos não é nenhum problema para ela, que aterrisa na cidade de Manama, capital do Bahrain, com a missão de enriquecer ainda mais um mercado que é conhecido como a “Las Vegas do Oriente Médio”.

A paulistana que se encantou pelo Rio de Janeiro já abriu shows de grandes potências musicais como Anitta, Gloria Groove, Pitty, Ivete Sangalo e Pabllo Vittar, além de ser elogiada por Preta Gil. Além de poderosa, ela também é consciente e revela que vê a música como “recurso fundamental no desenvolvimento da sociedade”.

Apesar de toda a sua dedicação ao longo dos anos, ela não deixa de fazer um agradecimento especial: “Meu maior agradecimento vai para meu Babalorixá Pai Dionata de Xangô, ao meu Asè Castelo Alto de Xangô e aos 21 poderes Universais. Sem a proteção do meu axé, eu nada seria. Laroye!”.

Na capa dessa semana, conversamos com a DJ para saber um pouco mais como está sendo esse momento de sua vida e como estão as expectativas para essa nova aventura.

Confira, na íntegra, a entrevista.
A gente garante: está incrível!

1.Aqui no Brasil, você já é um grande nome do segmento. Por que decidiu expandir sua carreira como DJ para o Oriente Médio?

Na verdade, eu não decidi. Essa oportunidade surgiu no dia do meu aniversário, agora em Junho! (risos). Meu sonho sempre foi morar fora, em alguns momentos já pensei em me arriscar mas não me sentia pronta. Recebi essa proposta e senti que estou num momento de consolidação muito incrível da minha carreira e estou pronta para esse novo ciclo.

2. Essa é uma região com uma cultura diferente da nossa em diferentes âmbitos. Quais são suas expectativas em relação ao mercado de música no Oriente Médio?

Estou indo para Bahrain e sei que, lá nesse país, eles são bem ligados à cultura do hip hop, afrobeats, além de terem uma pegada árabe… E sei também que é a Las Vegas do Oriente Médio. Então, confesso que estou bem ansiosa para conhecer o mercado musical de lá, mas desde já, tenho escutado algumas coisas, adaptando meu ouvido e estou amando!

3. Houve necessidade de ajustar seu estilo de música para atender às preferências do público no Oriente Médio? Se sim, como você fez isso?

Na realidade, não. Sou uma DJ de “Open Format” e isso significa que eu dou uma passeada por todos os estilos e gêneros. Quando comecei, tocava bastante hip hop e black music em São Paulo, então, não é nada que eu não esteja acostumada, além de ser um som que eu escuto muito diariamente.

O que vou precisar ajustar são as técnicas e entender como funciona a dinâmica de set deles. Vai ser como recomeçar e encontrar uma outra versatilidade musical minha!

4. A música é uma importante ferramenta em diferentes níveis. Como você vê o papel dela na cultura do Oriente Médio? De que maneira espera contribuir para esse cenário?

Em qualquer cultura, acredito que a música existe como um recurso fundamental no desenvolvimento da sociedade, afinal, estamos lidando com arte na sua forma mais completa.

Para mim, o “modus operandi” do Oriente Médio ainda é uma grande surpresa, mas sei que é um lugar incrível para músicos no geral. De maneira ampla, estou sem expectativa, apesar de estar ansiosa. Então, significa que estou pronta pra me surpreender, buscar conhecimento e agregar os meus conhecimentos para que tudo ande em conjunto.

5. Você está há quase 10 anos atuando e é sucesso nas noites cariocas. Conta pra gente: acredita que sua experiência no Brasil ajudou a moldar sua carreira como DJ no Oriente Médio?

Ajudou 100%, com certeza! Especialmente porque todas as experiências que tive no mercado brasileiro, me abriram portas anteriormente para estar em seis países espalhados pelo mundo e isso, por si só, já é demais! Agora é o momento em que realmente me sinto preparada, tanto emocionalmente quanto tecnicamente, para poder somar com outras grandes potências musicais como residente em outro país.

6. Já que estamos falando sobre o que reserva o futuro, quais são seus planos como DJ no Oriente Médio? Pretende lançar músicas próprias ou colaborar com artistas locais?

Com certeza! Já tenho uma música pronta que fiz em parceria com um grande amigo e produtor brasileiro, ele é um dos melhores da cena de Tribal House. Vamos lançar em breve, no mês de setembro, já visando entrar no calendário de festas do verão Europeu. A música está incrível, é meu primeiro lançamento especialmente como produtora musical e, quem sabe, como cantora, já que esse trabalho também leva minha voz. Eu estou bem animada! Também tenho outras três músicas em processo de criação. Vou gerar bastante conteúdo musical enquanto estou por lá e posso dizer que tem muita coisa bacana pra acontecer.

7. Para finalizar, quais conselhos você daria a outros DJs que consideram expandir carreira para outros continentes?

Estudem. Esse é o conselho principal. Seja em casa sozinho, seja com outras pessoas da cena, seja em cursos… Busquem ter referências de quem vocês querem ser, aonde vocês querem chegar e tomem isso como base para crescimento. Não desistam!

Às vezes, parece que não vai acontecer, mas se você confiar nos processos, se preparar e acreditar, quando realmente chegar a hora, vai acontecer! Não antes e nem depois.

 

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